Campanha Nacional de Prevenção de Doenças Renais

Nos últimos anos, o número de pacientes com insuficiência renal crônica tem crescido assustadoramente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Alguns já se referem à doença como a “nova epidemia do século XXI”.

O aspecto mais preocupante é que o indivíduo pode ter a doença renal e não apresentar sinais ou sintomas que o alertem para o problema e só vir a descobrir a doença numa fase muito avançada, em que as alterações são irreversíveis. No Brasil, estima-se que 2 milhões de pessoas tenham problemas renais, mas 60% não sabem disso.

Essas constatações são motivo de cuidados, sobretudo no que se refere aos indivíduos que fazem parte de grupos de risco para o desenvolvimento de doenças dos rins, com destaque para hipertensos, diabéticos e parentes de portadores de algumas doenças dos rins.

Hoje, cerca de 73.000 brasileiros fazem algum tipo de diálise e cerca de 25.000 foram submetidos a transplante renal, embora sabidamente milhares de outros precisem dessas duas modalidades de terapia de substituição renal. O diagnóstico precoce dessas alterações cria perspectivas de interrupção ou lentificação da perda de função renal.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia lançou, em novembro 2003, a campanha “Previna-se”, que é uma campanha permanente de prevenção de doença renal, que tem por meta principal alertar a população para a necessidade do diagnóstico precoce das doenças dos rins, assim como de doenças outras como diabetes e hipertensão arterial, que podem evoluir com acometimento renal e progressão para insuficiência renal, e que correspondem às duas principais causas de insuficiência renal que leva à diálise no Brasil e em muitos países.

As recomendações para diagnóstico precoce dirigem-se a todos, mas sobretudo aos indivíduos de maior risco (diabéticos, hipertensos, parentes de pacientes com doença renal crônica, idosos, pacientes com doença cardiovascular), que devem ser submetidos periodicamente a uma triagem para doença renal através de exames de urina (e, no caso do diabetes, também fazer a pesquisa de microalbuminúria) e outras avaliações de função (determinação de creatinina sérica, num primeiro momento).

Por fim, estão disponíveis através do portal da Sociedade Brasileira de Nefrologia (www.sbn.org.br/previna.htm) e em nossa sede: informações sobre o tema para médicos e leigos, programações realizadas em todo o Brasil e folhetos elucidativos para o público em geral.

Gianna Mastroianni Kirsztajn
Médica Nefrologista e Professora da UNIFESP
Coordenadora do Comitê de Prevenção de Doenças Renais e do Comitê de Doença Renal Crônica da SBN Coordenadora do Departamento de Nefrologia Clínica da SBN